05 maio, 2007

A DECISÃO DE CHAVEZ SOBRE A RCTV – COMO A GLOBO MENTE

Laerte Braga

O sindicato de trabalhadores do canal privado RCTV, na Venezuela, cuja concessão não foi renovada pelo presidente Hugo Chávez, denuncia em nota a pressão e a tensão geradas a partir do dono da empresa, Marcel Granier. A nota chama a direção da rede de tevê de “terrorista”.

É hilário ver a GLOBO através do JORNAL NACIONAL defender a liberdade de imprensa. A rede se caracteriza pela mentira e pela defesa de interesses que não dizem respeito nem ao Brasil e nem aos brasileiros. É a ponta de lança da Roça de Cana entre nós. Sua história foi construída ao longo desses 45 anos em que existe, em cima disso: mentira, farsa, manipulação.

A RCTV foi partícipe do que se chama o “primeiro golpe midiático” do mundo, constatado no documentário de dois cineastas irlandeses “a revolução não será televisionada” . O papel da rede na construção da mentira que derrubou o presidente Chávez em 2002, numa quinta-feira, mas não conseguiu impedir seu retorno no domingo, é confesso e mostrado sem nenhum pudor dos jornalistas que executaram o esquema montado pelas elites venezuelanas e por Houston.

Num determinado momento se mostra com clareza os próprios apresentadores de tele jornais das principais redes privadas da Venezuela, rindo e confessando toda a sorte de truques para tentar derrubar o governo Chávez. As notícias falsas, as armações, como prossegue, ao longo do processo de quatro dias, ignorando a presença de milhões de cidadãos venezuelanos nas ruas exigindo a volta de Chávez.

A GLOBO foi fundada com capitais do grupo TIME/LIFE, do ex-EUA (hoje Texas e estados agregados). Era o nome hoje do grupo TIME/WARNER. O seu papel, desde o primeiro momento ficou muito claro: vender o modo texano de vida para os brasileiros.

Ao longo de sua história não fez outra coisa que não isso. São fartos os exemplos da mentira global. Silenciou por todo o período da ditadura militar da qual era porta-voz e só rompeu com o esquema quando percebeu que o seu ciclo se encerrara.

Enquanto pode serviu. Serviu ao ignorar a campanha das diretas já. Serviu, posteriormente, no chamado processo democrático, a um presidente inventado pela própria rede, Collor de Mello, ignorando as manifestações de rua pelo impedimento do governante corrupto.

E, agora em 2002, usou e abusou de todas as formas possíveis de manipulação para tentar impedir a reeleição do presidente Lula. Mentiu e forjou um dossiê em cumplicidade com um delegado da Polícia Federal e empresários paulistas. Mentiu na tal Caravana da Cidadania mostrando dados falsos que levaram o governador do Paraná, Roberto Requião, a chamar a “jornalista” Miriam Leitão de “irresponsável” por mentiras e notícias falsas. A distinta e veneranda senhora engoliu a afirmação, pois mentiu e o fez deliberadamente.

William Bonner, o robô que apresenta e edita o tele jornal da emissora, carro chefe do jornalismo, JORNAL NACIONAL, chamou de “Homer Simpson” o telespectador brasileiro ao ser questionado por um professor da faculdade de Comunicação da Universidade de Campinas, sobre ignorar notícias que contrariassem os interesses texanos.

A manipulação é característica da rede.

No golpe contra Chávez, em 2002, a veneranda senhora Miriam Leitão passou uma semana em Caracas, duas semanas antes do dito golpe, fazendo uma série de reportagens para o JORNAL NACIONAL, onde se disse que o povo estava contra Chávez. Nem uma palavra sobre Chávez, num domingo, ter sido reconduzido ao poder por força das manifestações populares.

O fato não é isolado e nem é gratuito, como agora, apresenta dados falsos sobre a não renovação das concessões da RCTV, exatamente por Chávez ter tido a coragem de enfrentar golpistas manipuladores da opinião pública, como a GLOBO por aqui.

O governo Chávez não censura, nem violenta a liberdade de imprensa ao cassar os conais da rede RCTV. Exerce o direito legítimo de punir um grupo aliado a grupos anti-nacionais e cuja única preocupação é o golpismo.

Liberdade de imprensa não significa liberdade de mentir, de ignorar fatos, de manipular ou de transformar o tele jornalismo em espetáculo ora deprimente, ora festivo do mundo de plástico que criaram a partir das ranchos texanos.

Não existe revolta por parte dos trabalhadores na RCTV, exceto na elite padrão Miriam Leitão. A nota do sindicato mostra e deixa isso claro. Há um apoio preciso à decisão do presidente Chávez.

O que a GLOBO procura fazer refletir sobre o fato é apenas e tão somente a preocupação da mídia, hoje sob controle dos grupos que dominam países sul-americanos e atendem a interesses do capitalismo, de perder os seus espaços e serem enfrentados sem medos.

Há uma passagem no documentário “a revolução não será televisionada” que mostra isso de maneira clara. É quando na reunião dos opositores de Chávez, num bairro nobre de Caracas, o cidadão que dirige a dita reunião, alerta para os riscos que representam os “empregados domésticos”, ligados a grupos bolivarianos e que seriam “espiões de Chávez”. O preconceito manifesto de forma explícita e vergonhosa, ao vivo, sem disfarces e sem retoques.

O que são os veículos de comunicação em Roça de Cana? A família Marinho, a família Frias, a família Mesquita, a família Civita e mais duas ou três. Canais de tevê e rádio viraram moeda de troca política. Collor, ACM, Sarney, por exemplo, são parceiros da GLOBO nos seus respectivos estados. As tais redes afiliadas. Um sem número de deputados recebeu concessões de rádio e tevê em suas bases, para votar a emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

A atitude de Chávez é correta, respeita a liberdade de expressão, mas enfrenta a mentira e a manipulação através de veículos cujos interesses não estão nessa liberdade. Mas nas mentiras das muitas Mirians Leitões espalhadas por toda a América do Sul.

Como são mentirosos os dados GLOBO sobre o fato.

Terminado com o retorno de Chávez o episódio do golpe montado pelas redes privadas de tevê em seu país, dentre elas a RCTV, um dos grandes empresários do setor, Cisneros, esteve no Brasil, tentando apoio para o referendo de agosto daquele mesmo ano, onde o governo Chávez seria julgado. Diga-se de passagem que o referendo, que permite ao povo opinar sobre o seu governo na metade do mandato, foi criação do próprio Chávez.

Por toda a semana que antecedeu o referendo a GLOBO divulgou pesquisas dos tais institutos “sérios e acreditados” afirmando que havia um empate técnico e que crescia o número dos que repudiavam o governo Chávez. Nos dois dias que antecederam a votação mudou o discurso. Ao invés de empate técnico, suspeitas de fraudes a serem cometidas pelo governo e seus partidários.

Terminada a contagem dos votos Chávez foi confirmado com mais de 60% dos votos dos venezuelanos. Jimmy Carter, enviado pelo governo do Texas para dizer que houve fraude não teve alternativa. Diante da lisura do processo de votação foi claro: “o governo foi legitimado pelo povo”.

Por trás de toda essa farsa que a GLOBO tenta transformar em verdade, estão os interesses das principais quadrilhas venezuelanas, parceiras das principais quadrilhas do crime organizado e legalizado. Bancos, grandes empresas multinacionais, a política terrorista e colonizadora de Houston, o mundo segundo a ótica do enviado divino George Bush.

O que Chávez fez ao não renovar as concessões da RCTV foi exercer o direito legítimo de livrar seu país de uma empresa a serviço desses interesses. É o que a GLOBO faz no Brasil.

Um exemplo a mais da manipulação e do comprometimento da GLOBO com grupos que controlam o Estado brasileiro: para noticiar o dossiê e forçar um segundo turno as eleições de 2006, o JORNAL NACIONAL ignorou um acidente, o maior acidente aéreo acontecido no País e noticiado duas horas antes por todas as outras emissoras de tevê, redes nacionais, no então Brasil, hoje Roça de Cana.

Era preciso, àquele momento, cumprir o papel de manipuladora. O acidente era detalhe perto dos interesses que a rede representa. A RCTV é a mesma coisa. O que difere é que Chávez toma atitudes.