12 novembro, 2006

EM DEFESA DO POVO E DA ASSEMBLÉIA POPULAR DOS POVOS DE OAXACA



Nota Pública dirigida ao Governo Mexicano
e ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil
Os signatários dessa Nota Pública expressam toda a sua ativa solidariedade à Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca – México, vítimas de covarde repressão da força policial-militar do Estado e da Federação. Oferecemos nossa solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos pela insânia repressora do governo e fazemos nossa a voz do povo mexicano que clama por justiça.

A ação da Polícia Federal Preventiva objetivou criminalizar uma justa mobilização social que envolve, entre outros lutadores, camponeses, povos originários, operários e professores da Seção 22 do SNTE. O derramamento de sangue impingido pela repressão foi um recurso fascista para silenciar a democracia, a auto-organização popular, a autonomia e a busca de condições dignas de vida. Essa ação sanguinária é um crime hediondo que não será esquecido em toda a América Latina e ficará na memória das lutas de todos os povos do mundo.

Responsabilizamos diretamente ULISES RUIZ e seu gabinete pelos assassinatos e acontecimentos violentos que se vêm agravando desde 14 de junho, devido a sua falta de capacidade para conduzir a solução do conflito e por seu irresponsável apego a um cargo que já não pode mais ocupar. Ao contrário, os seus atos ampliam ainda mais a escalada de violência e terror, que, na altura, inclui a ação de forças paramilitares.

Responsabilizamos também o governo de Vicente Fox por sua omissão e conivência frente a esses graves acontecimentos. O Governo continua não reconhecendo a existência de um problema social e político em Oaxaca, recusando o diálogo aberto e amplo. A sua responsabilidade é maior quando é notório que dispunha de recursos para encaminhar favoravelmente as justas reivindicações dos movimentos.

Também o PRI é co-responsável por esses terríveis assassinatos, torturas, ferimentos e desaparecimentos, pois tem ratificado as ações criminosas do Governo oaxaquenho.

Responsabilizamos o Senado da República, pois preferiu também ratificar os poderes a serviço da morte em Oaxaca, quando estava ciente de que o governo local não estava disposto a uma saída pacífica e negociada e que iria lançar mão da criminalização dos movimentos sociais.

Pelas razões expostas:

exigimos a saída imediata de Ulises Ruiz como fator de distensão, objetivando empreender de imediato mudanças sociais profundas no Estado;

rechaçamos o uso da força pública como meio de intervenção no conflito social e defendemos o estado de direito;

exigimos a implementação de um plano emergencial de defesa da integridade dos povos da região e o atendimento das justas reivindicações dos lutadores oaxaquenhos.

exigimos que o Estado Brasileiro denuncie os Estados Unidos Mexicanos à Corte de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos devido à grave violação do Pacto de São José da Costa Rica.

reivindicamos que a Embaixada do México no Brasil desempenhe papel protagonista na defesa da integridade dos lutadores e do povo de Oaxaca;

reivindicamos que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil atue de modo incisivo na exigência de que o Governo mexicano respeite os direitos humanos do povo de Oaxaca.

Assim, conclamamos todos os movimentos sociais e de defesa dos direitos humanos a acompanhar os desdobramentos dos graves acontecimentos que fazem sangrar todos os lutadores latino-americanos, em defesa da vida e da integridade dos povos, em defesa do direito de manifestação e de auto-organização dos que lutam pela justiça e pela igualdade social.

Apoiamos e desejamos que a experiência de luta do povo de Oaxaca seja motivo de esperança para todos os latino-americanos.

Para assinar o Manifesto: imprensa@andes.org.br; andesrj@andes.org.br





03 novembro, 2006

Nota de Repúdio, Pela memória de Vladimir Herzog

O coletivo Sindicato é Pra Lutar! – Movimento em Defesa dos Jornalistas de São Paulo vem a público manifestar seu repúdio à presença do governador Cláudio Lembo (PFL) na cerimônia de entrega do XXVIII Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Direitos Humanos e Anistia, realizado no dia 25 de outubro no Memorial da América Latina.

No entender do grupo – formado por jornalistas de diversas regiões do Estado de São Paulo, atuantes em diferentes segmentos e veículos de comunicação social – é inconcebível a participação de um apoiador do regime militar no prêmio que presta homenagem à memória do jornalista Vladimir Herzog (Vlado), assassinado por agentes da Ditadura, em 1975, durante sessão de tortura nas dependências do DOI-Codi do II Exército.

Em se tratando de Direitos Humanos, é impossível compreender o convite feito a Lembo pelos organizadores, não só por ele haver integrado a Arena – partido que deu sustentação e apoiou integralmente o regime dos generais no Brasil – como também pelo fato de que, após os ataques do crime organizado, em maio deste ano, o governador calou-se diante das atrocidades cometidas por policiais militares que, a pretexto de combater os criminosos, executaram inúmeros cidadãos inocentes. O governo estadual obstruiu as investigações levadas a cabo pelo Ministério Público e sociedade civil e não puniu os responsáveis.

Por fim, é no mínimo estranha a atitude dos organizadores do evento, que convidaram o governador a integrar a mesa do prêmio, mas deixaram de fora Ivo Herzog, representante da família do homenageado. A memória de Vlado não merecia essa ofensa adicional.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, principal organizador do prêmio, é parte da história de lutas do povo brasileiro. Sua diretoria deve explicações à sociedade por esse convite que foi um desserviço à causa dos Direitos Humanos.

São Paulo, 31 de outubro de 2006
Sindicato é Pra Lutar! – Movimento em Defesa dos Jornalistas de São Paulo





CARTA POLÍTICA DE FEIRA DE SANTANA

Somos 300 trabalhadores e trabalhadoras rurais, representantes de 10 mil acampados e pré-assentados da Reforma Agrária, participantes do projeto de segurança alimentar e nutricional implementado conjuntamente pela Cáritas Brasileira, Movimento Estadual de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA), MST/BA, MST/SE, Pastoral Rural, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), FETAG e FETASE.

Queremos expressar ao Presidente da República, aos Governadores da Bahia e de Sergipe e aos nossos responsáveis pelas políticas de Reforma Agrária e desenvolvimento rural as nossas propostas para que sejam realizados os nossos direitos e a segurança alimentar e nutricional avance para todo o nosso povo.

1- Que a Reforma Agrária seja uma política de estado, exigindo o compromisso dos governos e da sociedade na sua realização em favor de um desenvolvimento social favorável a todo o povo brasileiro. E que seja um processo amplo e massivo, transformando a estrutura agrária;

2- Que seja elaborado, em conjunto com os movimentos sociais populares, o 3° Plano Nacional de Reforma Agrária, estabelecendo metas para os próximos quatro anos de governo;

3- Que seja redefinido com urgência o índice de produtividade da terra, e que seja anulada a medida provisória que impede a justa iniciativa popular visando a realização da Reforma Agrária;

4- Que seja estabelecido em diálogo com os movimentos sociais populares o limite máximo da propriedade rural;

5- Que seja aplicada a lei que exige o recolhimento como terra pública de todas as áreas griladas e áreas devolutas ilegalmente invadidas, colocando-as à disposição do processo de Reforma Agrária;

6- Que sejam expropriadas as propriedades rurais em que sejam constatados a existência de trabalhadores escravizados e o cultivo de plantas utilizadas na fabricação de psicotrópicos;

7- Que sejam reconhecidas, demarcadas e garantidas as áreas indígenas, quilombolas, fundos de pasto e as áreas de reserva extrativista;

8- Que a prioridade da política agrícola contemple princípios, valores e
práticas agroecológicas, solidárias e coletivas e NÃO AS PRÁTICAS PREDADORAS PAUTADAS NA MONOCULTURA DE EXPORTAÇÃO, CONHECIDAS COMO AGRONEGÓCIO, BEM COMO OS PROJETOS DE REFLORESTAMENTO COMERCIAL E O USO DE SEMENTES E ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS;

9- Que sejam garantidos recursos suficientes para o desenvolvimento de uma política de Reforma Agrária, que contemple, junto com o acesso à terra, a formação, o acompanhamento técnico, saúde, educação contextualizada, infraestrutura e o respeito à diversidade regional e cultural;

10- Que esta nossa iniciativa seja estendida a todas as famílias nordestinas acampadas e pré-assentadas.

Para isto tudo, exigimos a participação efetiva dos movimentos sociais na elaboração e execução das políticas públicas, avançando na verdadeira prática da democracia.

Feira de Santana/BA, 25 de Outubro de 2006





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Todo repúdio à truculência e ao desrespeito da Policia Militar de Sergipe para com o movimento estudantil da UFS e de Sergipe

Manifestação de estudantes! Luta por um sistema de transporte que não seja excludente e tenha tarifas justas! Luta pelo nosso direito ao passe livre! Quinta-feira, dia 26 de outubro, Dia Nacional de luta pelo passe-livre.

Depois de encerrada mais uma manifestação com cerca de 300 estudantes, promovida pelo Movimento Passe Livre, com o apoio do DCE-UFS, ocorrida nas ruas do Centro de Aracaju, palco legítimo das reivindicações estudantis, a Polícia Militar de Sergipe demonstrou toda sua truculência e desrespeito para com o movimento estudantil de Sergipe.

Quando só restavam cerca de 15 estudantes no terminal rodoviário do Centro, a PM deteve, de forma arbitrária e sem nenhum motivo, um dos manifestantes que já se encontrava dentro do ônibus para sair do local e, diante disso, os outros manifestantes foram tomar conhecimento do por quê da detenção e tentar impedir a continuidade daquele ato arbitrário da PM. Como se não bastasse, os policiais detiveram mais 2 estudantes, inclusive um membro do DCE-UFS.

O mais absurdo aconteceu quando os dois advogados do Movimento, atuantes na área de Direitos Humanos, ao chegar no terminal foram agredidos e um, inclusive, também foi detido. Já na delegacia, a PM deteve mais outro advogado que tinha sido designado pela OAB para cuidar do caso.

Saldo de uma manifestação estudantil legítima, pacífica e necessária: 3 estudantes e 2 advogados no exercício de suas funções passaram cerca de 4 horas detidos na delegacia. Fatos dignos da ditadura militar e que atentam diretamente ao direito que todos e todas possuímos de nos organizar e lutar por nossos direitos.

Desse modo, o DCE-UFS, Gestão “Amanhã há de ser outro dia” repudia todos estes atos de truculência e arbitrariedade e exigimos punição à Policia Militar do Estado de Sergipe, respeito ao Movimento Estudantil e aos advogados defensores das causas populares.

Além disso, reafirmamos que não nos intimidaremos com qualquer tipo de repressão e que continuaremos com nossas lutas, no verdadeiro palco de reivindicações que são as ruas.

Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe
DCE/UFS - “Gestão Amanhã há de ser outro dia”

30 de outubro de 2006




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Nota de repúdio

É com muita tristeza e indignação que o CASR, Centro Acadêmico Silvio Romero, entidade de representação legítima dos estudantes de Direito da UFS, declara todo seu repúdio à polícia militar sergipana por mais um episódio lamentável de arbitrariedade e truculência.

No dia 26 de novembro último, militantes do MPL – Movimento Passe Livre foram às ruas de Aracaju protestar contra o sucateamento e a mercantilização do transporte público, bem como reivindicar direitos, tais como o acesso e permanência na educação e a conquista efetiva do passe-livre para estudantes, que embora assegurado na constituição federal e na lei de diretrizes e bases da educação – LDB, não vem sendo cumprido.

É importante ressaltar que assim como todos os atos do movimento, a iniciativa foi pacífica e nesse sentido correu toda a manifestação. O que não ficou ao lado da paz e do diálogo, mais uma vez, foram as atitudes da PM de Sergipe. De forma desrespeitosa e com abuso de força e autoridade é que a PM tratou os estudantes e trabalhadores que lutavam pelos seus direitos.

Tudo começou com a prisão, já com a manifestação encerrada, de um militante do movimento sem qualquer explicação. Em seguida os outros integrantes do MPL foram saber a causa da agressão e prisão e nesse instante foram surpreendidos com mais duas prisões, sendo uma delas de um estudante de direito da UFS. Como se não bastasse, foram agredidos mais dois advogados que chegaram no intuito de amenizar o conflito, dentre os quais um acabou sendo preso no pleno exercício de sua atividade.

Diante desse quadro ditatorial da PM sergipana, os estudantes de direito da UFS não podem deixar de declarar total repúdio a esse fato. Vale salientar ainda, que embora essas atitudes sejam corriqueiras no tocante ao tratamento da PM com os movimentos sociais, os estudantes não se intimidarão e não sairão das ruas até que consigamos realizar uma sociedade mais justa e fraterna que incorpore todos os nossos direitos.

Abaixo a repressão! É passe-livre já!

CASR - Centro Acadêmico Sílvio Romero – Direito/UFS
Gestão – Travessia: Porque nossos caminhos são de pedras.



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02 novembro, 2006

Adeus a Luiz Inácio

José Arbex Jr.
texto publicado na Caros Amigos na edição de outubro

Fernando Collor de Mello, Paulo Salim Maluf, Antonio Palocci, José Genoíno, João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto... O baile dos zumbis transborda os limites do clip de Michael Jackson e ganha os corredores do Congresso Nacional, embalado pela sinistra gargalhada de Vincent Price, que, incessantemente, anuncia: a Opus Dei vem aí. Alarmados frente à catástrofe, os brasileiros de boa fé, incluindo os participantes daquilo que sobrou da esquerda tupiniquim, multiplicam apelos para que todos cerrem fileiras em torno da candidatura de Luiz Inácio. Escolhem o suposto "mal menor", já que se tornou impossível postular o bem.

Mas há um pequeno problema neste raciocínio: Luiz Inácio é, precisamente, o maior responsável pelo tsunami político que hoje ameaça, com força redobrada, aumentar a miséria dos trabalhadores e jovens brasileiros. É o maior responsável, por ter frustrado o magnífico impulso de transformação social e política que, há quatro anos, o conduziu ao Planalto; por ter liderado o processo que transformou o Partido dos Trabalhadores em mísera e risível caricatura do magnífico instrumento de luta de classes construído pelas jornadas operárias dos anos 70 e 80; em síntese, por ter acatado as regras do jogo da casa grande, deixando para a senzala as migalhas do banquete.

Não há a menor garantia de que um segundo mandato de Luiz Inácio vá ser menos nefasto aos trabalhadores e jovens brasileiros do que um eventual governo Alckmin. A mera lógica indica o contrário. Em 2002, Luiz Inácio talvez ainda se sentisse algo constrangido pelas esperanças de 53 milhões de eleitores que acreditavam na vocação ética e democrática do PT; mesmo assim, fez o que fez. Agora, quando as cartas estão expostas sobre a mesa, e todos já sabem que do bom e velho PT só resta uma pálida lembrança, Luiz Inácio tem as mãos absolutamente livres para completar o serviço de destruição do que resta da precária tradição de esquerda no Brasil. Seu eventual segundo mandato não seria limitado, balizado ou orientado por qualquer compromisso histórico ou político com os trabalhadores, mas sim pelos acordos e compromissos firmados com os setores mais atrasados e nefastos da vida nacional.

Muitos preferem não enxergar o óbvio. Argumentam, por exemplo, que, apesar de tudo, as regiões mais pobres do país votaram com Luiz Inácio, o que demonstraria a orientação social de seu governo. O argumento é muito fraco, por várias e múltiplas razões. O "voto dos pobres", por si só, não demonstra coisa alguma: historicamente, um número infindável de políticos de todos os tipos recebeu o apoio dos setores populares menos favorecidos, de Adolf Hitler a Paulo Maluf, passando por Juan Perón e Getúlio Vargas. E daí? Além disso, uma leitura mais atenta do voto nordestino (base principal de Luiz Inácio) indicará um conjunto de alianças espúrias com os coronéis locais. Alguém acredita, por exemplo, que Luiz Inácio teria 75% dos votos no Maranhão, não fosse o apoio do neo-companheiro José Sarney? E mais: todos sabem que boa parte dos votos dos mais pobres foi comprada por programas paternalistas e de vocação autoritária, como é o caso do Bolsa Família.

Outros reproduzem um blá-blá-blá insuportável sobre uma suposta política externa altiva, ousada e autônoma no cenário mundial. Mesmo deixando de lado a desastrosa intervenção no Haiti, nada há na política externa de Luiz Inácio que a diferencie, qualitativamente, daquela anteriormente conduzida por Fernando Henrique Cardoso. Não é verdade que Luiz Inácio tenha "brecado a Alca" (é uma afirmação tão ridícula que nem vale a pena contestar), nem que tenha defendido os interesses da soberania nacional. Não por acaso, Luiz Inácio representou uma agradável surpresa para George Bush, como o próprio mandatário da Casa Branca fez questão de dizer, em diversas ocasiões, especialmente após ter participado de um lauto churrasco na Granja do Torto (raramente, o nome de um sítio terá sido tão apropriado).

Em seguida, vem a lenga-lenga das privatizações: Alckmin completaria o processo iniciado por Collor, intensificado por FHC e interrompido por Luiz Inácio. Trata-se de um claro equívoco. As privatizações jamais foram interrompidas. Contrariando promessas de campanha, Luiz Inácio entregou ao capital privado, internacional e nacional, reservas importantes de petróleo, não desenvolveu qualquer esforço para investigar as privatizações notoriamente irregulares praticadas por FHC e sancionou, em 2004, a LPPP (Lei de Parceria Público – Privada), que abre o caminho para privatização de todos os serviços públicos do país. É só uma questão de tempo e de interesse das corporações privadas – com Lula ou com Alckmin no Planalto -, até que novas e importantes privatizações sejam levadas a cabo.

Não apenas as privatizações não foram interrompidas, como o BNDES continuou carreando bilhões dos cofres públicos para o capital privado, mediante a concessão de empréstimos a juros de pai para filho. Não fosse, por exemplo, a Volkswagen anunciar a demissão de milhares de seus operários no Brasil, teria recebido um empréstimo de parcos meio bilhão de reais (com juros de 7,5% ao ano!), que ainda poderão engordar os cofres da empresa, após a conclusão de um acordo sindical. No que se refere aos outros setores da economia – respeito aos contratos firmados com o FMI, Banco Mundial e instituições privadas, estímulo ao agro-negócio, legalização dos transgênicos etc. – Luiz Inácio agiu como alma gêmea de FHC.

Resta, finalmente, um aspecto em que talvez Luiz Inácio tenha sido um pouco menos duro do que os seus antecessores: os movimentos sociais não foram submetidos a uma repressão tão feroz. Mas o aparente "lenimento" da polícia cobrou um preço muito alto: a cooptação de quadros para uma perspectiva de conciliação de classe, o atordoamento e corrupção das consciências dos militantes, o estímulo à passividade. Luiz Inácio talvez tenha sido um pouco menos feroz, mas foi igualmente burguês.

Que ninguém se iluda: Luiz Inácio frustrou as esperanças da nação brasileira, e assim abriu a avenida por onde passa o cortejo dos mortos vivos. Luiz Inácio não é alternativa real a Alckmin, e nisso consiste a tragédia tupiniquim: simplesmente, não há alternativa, justamente quando em toda a América Latina os povos oprimidos vão abrindo brechas e caminhos. Os trabalhadores e jovens brasileiros devem se preparar para outros quatro anos de investidas furiosas contra os seus direitos, e a melhor forma de fazê-lo, agora, é proclamar seu voto de desconfiança em Luiz Inácio, no PT e toda e qualquer organização que se oriente pela política de conciliação de classes. Se, como disse Karl Marx, a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores, ela passa, no Brasil, pelo adeus a Luiz Inácio.




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