22 outubro, 2006

No 2º turno não declaramos voto em nenhum dos dois candidatos

Coletivo Socialismos e Liberdade

O país assistiu a uma polarização em torno de dois projetos similares, que resultaram em uma disputa no 2º turno que deixa a classe trabalhadora refém de uma polarização artificial em torno dos grandes temas que implicariam em mudanças estruturais e mesmo no tema da ética, onde o PSDB e o PFL jamais tiveram qualquer autoridade para herdar tal bandeira.
O resultado das eleições evidenciou uma guinada a direita da maioria do eleitorado e são os grandes responsáveis por isso o governo Lula e o PT. Suas políticas de ataques aos direitos dos trabalhadores, sua rendição ao capital financeiro internacional, seus compromissos com uma agenda de reformas neoliberais e a degeneração ética que levou ministros, deputados, dirigentes partidários e sindicais para o noticiário policial estão na raiz da desilusão e negação do povo com a política, com a perda do sentimento e imaginário de mudanças e transformações sociais.
Nos orgulhamos de ter contribuído para que o PSOL e a Frente de Esquerda apresentassem ao país nesse quadro um outro projeto, outra alternativa, que recuperasse as bandeiras históricas da classe e esse foi o sentido da nossa votação e da constituição dessa verdadeira frente de resistência que é a Frente de Esquerda.
Por isso, em nome da coerência do que fizemos até aqui, é preciso que o povo brasileiro tenha claro que não há como declararmos apoio a nenhum dos dois candidatos nessa disputa do 2º turno.
Alckmin expressa a volta do velho e podre bloco PSDB-PFL, a volta de uma política sem qualquer tipo de mediação na submissão ao capital, a reedição de odiosos e reacionários preconceitos contra os trabalhadores; representará seguramente uma volta dos expedientes mais reacionários de criminalização dos movimentos sociais, de entrega do patrimônio público e dos ataques sem meias medidas aos direitos das classes trabalhadoras.
De outro lado, os elogios de Lula ao senhor Collor de Melo e a declaração deste execrável personagem a favor da reeleição de Lula, foram a primeira demonstração das condições concretas em que se iniciou a disputa do 2º turno, com evidentes sinais da direção em que Lula pretende "ampliar" seu leque de apoiadores e uma futura base de sustentação no Congresso caso seja eleito, tal como já fez em seu primeiro mandato.
Compreendemos a angústia de milhares e milhares de trabalhadores e trabalhadoras, ativistas e militantes dos movimentos sociais que não se conformam com a hipótese de uma volta do podre bloco burguês capitaneado pelos partidos PSDB-PFL. E não somos indiferentes a isso, pois o justo repúdio e ódio de classe que notamos em muitos camaradas diante dessa possibilidade é também o nosso.
Mas queremos alertar, em primeiro lugar, que parte do que há de pior na arcaica direita burguesa brasileira seguirá sendo a base de sustentação do governo Lula sempre para os piores serviços e compromissos.
E na nossa visão não há condições de declarar o apoio a Lula em função deste governo e desta candidatura não apresentar ou comprometer-se diante do povo trabalhador brasileiro com qualquer agenda de mudanças e ruptura com o capital financeiro, como a suspensão do pagamento dos juros da dívida pública e promoção de uma auditoria, com a manutenção na integra dos direitos trabalhistas e sindicais tais como estão redigidos atualmente na legislação brasileira; como a revisão da reforma previdenciária do 1º mandato; uma verdadeira reforma agrária que começasse com um plano de emergência para assentar todas as famílias acampadas e a suspensão de qualquer processo de criminalização contra os movimentos sociais.
Consideramos, portanto, que neste 2º turno os trabalhadores não têm uma representação verdadeira dos seus interesses e declaramos que nenhum dos candidatos merece nosso voto.
O desafio posto para a esquerda socialista será organizar uma agenda social para 2007, capaz de unificar a classe trabalhadora na luta e na resistência às novas tentativas de retirada de direitos e de contra-reformas neoliberais que estão na agenda do capital financeiro e que estão sendo escondidas nos programas eleitorais das duas candidaturas.

Agnaldo Fernandes (RJ)
Ana Carvalhaes (RJ)
Anderson Mangolin
Bernardo Weinstein (PE);
Bernardo Pillotto
David Lobão (PB)
Fernando Leite (GO);
Fernando Silva (Tostão) SP
Heitor Pereira Alves Filho (SE)
Hélio de Jesus (PR)
Helton Bastos
Henrique Lemos
Henrique Martini (MS)
Jeruza Souza
Jorge Luís Martins (SP)
José Damião de Lima Trindade (SP)
José Campos Ferreira (RS)
Júnia Gouvêa (SP)
Leon Cunha (SP)
Luciana Araújo (SP)
Matheus Thomaz(RJ)
Mike Gabriel (SE)
Otávio Röhrig (RS)
Rogério Marzola (DF)
Roberto Leher (RJ)
Silvio Felinto (ES)
Sonia Lúcio Lima (RJ)

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